sexta-feira, 10 de março de 2006



Caminho.
Caminho por entre tanto. Por entre muito. Caminho numa estrada semelhante a tantas outras. Com atalhos, desvios, buracos e lombas. Semelhante mas diferente. Não vejo sinais, indicações, obrigações. Não os há. Não há sentido obrigatório nem velocidade limitada. Terá mesmo alguma obrigação? Ou até algum limite? As contra-ordenações são criadas por mim. Eu hierarquizo as que considero leves, graves e muito graves. Ou as que nada considero. Aliás, nesta estrada sou eu que imponho as regras, crio as leis e estabeleço um código. O meu. Semelhante a alguns mas diferente de todos. O meu.
O pó da estrada dificulta-me a visão. Abrando o passo, mas sem parar. Sei que parar é render-me ao vento que sopra, à chuva que me arrefece, ao sol que me queima e extasia. Aprendi a não parar; quando o fazia sentia o frio no rosto que me parecia congelar a alma. Não! Parar não! Parar é morrer. E é nesta estrada que sigo, quero mesmo seguir. Seguir-me. Preciso de tudo o que me rodeia mas acima de tudo preciso de mim. O sol para me iluminar, aquecer o coração e despertar a razão. Fazer suar e viver. Preciso do frio para me acordar à realidade, fria, quando parece que me esqueço. Sim, és fria. No meio de tanto calor e luz consegues não sei como, inesperadamente, congelar. Congelar-me. E é nesta estrada que caminho. À luz. Ao escuro. Ao frio. Ao calor. Continuo a caminhar. Sozinha. Ou não. Caminho contigo que sem te querer ver sempre estiveste. E estás. Caminho contigo e sei que vamos bem :o)

3 comentários:

Zana disse...

Não caminha sozinha. No fundo o que descreves trata de uma real rede em que se cruzam caminhos, vidas, amizades, amores. Cruzamentos que ás vezes envolvem acidentes dores e outras trazem caminhos que no fim se paralelizam aos nossos, acompanhando-nos no nosso...
No fundo só seguimos porque buscamos mais um cruzamento, mais um olhar sobre os outros...
Bonito Ana, de entendimento só correspondente a nós as duas:o)

Koala disse...

Estou estupefacta com a clareza das palavras que escreves. Grande parte das pessoas que conheço mergulha em todo o tipo de figuras de estilo para exprimir aquilo que de mais simples há... Mas. por vezes, o nosso simples é o comlexo dos outros. No entanto, não é o caso! Acompanho-te em todos os textos que escreves;)

Abraço

Sophie disse...

À Zana:

A nossa estrada tem sido paralela... acompanho-te na tua e tu na minha... hoje e sempre!!

Bjinho gd!!


Ao Koala:

Bigado pelo comment...:o)

A maneira como escrevo revela, inevitavelmente, muito de mim... da maneira de ser e de estar... se ha ttas maneiras de dizer a mesma coisa, porquê procurar a mais difícil? O complicómetro parece estar tantas vezes ligado por esse mundo fora....

Fica bem!

Bjinhos